Cabalistas judeus e místicos cristãos vem tentando há séculos dar novos significados aos números que aparecem no Velho e no Novo Testamento.
O um: é o único, o que está sozinho, por extensão, o que é independente dos outros e inteiro em si mesmo. Por isso, foi associado ao Princípio, à base de onde tudo surge. “Deus é um”, concluem, orgulhosos, os muçulmanos.
O dois: é o número da ambigüidade. Tanto expressa conflito entre opostos quanto é o símbolo mais forte do dualismo criador de onde nascem todas as coisas. O dois organiza nosso jeito de pensar: homem e mulher, yang e ying, claro e escuro, vida e morte, bem e mal, deus e o diabo. Dois é o mundo e suas manifestações.
O três: para os chineses, é o número perfeito. É ele que reúne o homem, a terra e o céu. Os cristãos associam o três com a trindade: Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. A família, por exemplo, é pai, mãe e filho. E os gregos vêem a Deusa relacionada com a vegetação sob seus três aspectos: jovem, mãe e velha.
O quatro: este é um número querido dos matemáticos. Os símbolos do quatro dizem respeito ao quadrado, à cruz. Jung incluía o quatro entre os números totalizadores, quer dizer, que expressavam a totalidade e a plenitude. São quatro pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste), quatro elementos (água, ar, terra e fogo), é o número da Terra e de tudo que ela contém.
O cinco: Pitágoras dizia que o cinco era o número da união, porque ele ficava bem no meio dos 9 primeiros números. Mas talvez o símbolo que a gente costuma associar com mais freqüência aocinco é o próprio corpo humano: cabeça + membros. Cinco é o número do homem.
O seis: algumas pessoas implicam muito com o 6. Para os cabalistas, 666 é o número da Besta do Apocalipse que é a síntese do mal, conforme está no Livro da Revelação de São João, capítulo 13. Por outro lado, seis é o número de pontas da estrela de David e Deus criou o mundo em seis dias. No mínimo, o seis é um número polêmico.
O sete: é um velho conhecido. Sete dias da semana, sete planetas, sete degraus da perfeição, sete ramos da árvore cósmica dos xamãs, sete dias dura o ciclo lunar. O sete para os egípcios era o número da perfeição. Sete é número da sorte e este caráter sagrado contamina os seus múltiplos. No Novo Testamento, Jesus convida Pedro a perdoar seu irmão 70 vezes 7. E não é só entre cristãos que o sete é considerado um número especial. Para os gregos, ele está relacionado aos cultos do deus Apolo. O sete é o número que os homens têm usado para organizar sua percepção do céu e de sua ordem.
O oito: Ou duas vezes o quatro, é o número da totalidade cósmica. Os hindus exploraram bastante este número e fizeram Visnu ter oito braços e relacionaram oito planetas, posicionados em torno do sol. Alguns cristãos associam o oito com a Ressurreição de Cristo e os cabalistas dizem que, como vem depois do Sabath (o sétimo dia), ele representa o futuro.
O nove: os gregos usavam o nove nos rituais. É o tempo que Deméter, a deusa da vegetação, leva para encontrar sua filha, Perséfone, raptada por Hades, o senhor dos mundos inferiores. Nove é tempo de gestação e, talvez por ser o último número da série, é associado aos começos, à regeneração. À capacidade de renovação embutida em todas as coisas.
Dicionário dos Símbolos, Jean Chevalier, Editora José Olympio
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